
Veronica Otero, acreditem,
nasceu em 1984. É carioca e diz que "desde pequena tenho como "hobby"
escrever. Nunca participei de nenhum concurso e só amigos próximos conhecem esse meu
gosto por ler e escrever." Os amigos do Releituras têm, agora, a oportunidade de
conhecer este talento promissor. |
Destino: Solidão
Veronica
O.
(Veronica Otero)
Outro dia percebi o tempo me atropelar. Não foi como das outras vezes. Eu estava
acostumada, o tempo passava e eu já nem sentia mais. Meu coração virou pedra, meus
sentidos não sentiam mais e a dor já era tão comum, cotidiana. Mas dessa vez ele me
atropelou. E matou.
Matou aquela menina, de quem me despeço agora. Com lágrimas no olhos ela cavou sua
própria cova, sabendo que ninguém mais chorará a sua morte. Ela morreu sozinha, e
sempre foi assim. Ninguém nunca a conheceu. Só o tempo, sempre seu companheiro, a viu
dar seu primeiro passo. E o último.
Sua última luta contra o tempo foi em vão. Assassino. Matou sem dó. Agora não existe
mais menina. Existe algo sem nenhuma inocência, sem crença, sem alma, sem medo. Sem
prisão. E o pior: sem amor. O tempo não permite amor. Se existe o tempo em primeiro
lugar, o amor nunca poderá coexistir com ele. O tic-tac cruel dos minutos passando e sua
vida sumindo por entre os dedos é o pior silêncio que se pode escutar. E o amor se foi.
Porque o tempo estava ali, aqui, onde? Já se foi...
A menina se foi mas o tempo ainda persiste. É um novo tempo e uma nova existência, que
aprendeu tudo o que sabe através da menina. Não acredito que um dia eu consiga amar e
derrotar meu inimigo. Tudo é diferente, mas continua igual. O tempo é curto e o destino
é certo.
E-Mail: veot@hotmail.com
|
|