
Maria Thereza Belisário de
Noronha é natural de Juiz de Fora (MG). Formou-se em Direito pela
Universidade Federal daquela cidade, tendo trabalhado como advogada no Banco Nacional de
Habitação e na Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro, onde ainda reside. Publicou
"A face da água" (1990), Ed.da autora; "Pedra de limar" (1993), Ed.
de Minas; "A face dissonante" (1995), Oficina do Livro Editora; e
"Alaúde" (2001), parte do livro "Poesia em três tempos", Ed. Bom
Texto; participou de diversas antologias e foi premiada no I Concurso de Poesia linguagem
Viva (1993) - Ed. Scorteccei; Concurso de Crônicas - reminiscências (1994)
Academia Juizforana de Letras; e no Concurso Portugal-Poema (1998) Associação de
Cultura Luso-Brasileira, 1º lugar com o poema "Tarde de chuva no Porto".
Participou, por muitos anos, do Conselho Editorial da Oficina do Livro Editora. De seu
livro "O verso implume", Oficina do Livro Editora - Rio de Janeiro (RJ), 2005,
pág. 75, extraímos o poema que ora apresentamos. |
Coração
Maria Thereza Noronha
Morreu de faca no peito
quanto o coração só lhe falava
de amor.
A faca se abriu em chaga
vermelha e meio com jeito
de flor.
Morreu de febre no leito
quando o coração já lhe falhava
no peito.
Deixou órfãos e viúva.
Partiu num dia de chuva
sem palavras.
Morreu de foice no eito
enquanto o coração lhe sussurrava:
que proveito?
Deu por perdida a batalha:
a sua, não o que restava
a ser feito.
Morreu de fome e direito
negado, quando o coração
só lhe dizia CHEGA! E o esqueleto
já se entrevia antes de enterrado.
Morreu de omissão:
assassinado.
Morreu de fúria e despeito
quando o coração se lhe inchava no peito.
E a epígrafe se destacava:
"Não será de ninguém
o que é meu.
De direito!"
E-Mail:
ivokory@gmail.com
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