Annaïs
Gudrun
Brangwen
Da primeira vez que a vi, julguei-a insuportável.
Já os cabelos ruivos anunciavam sua forte personalidade que, ao encontro com a minha,
também forte, provocara-me uma certa repulsa, instantânea e gratuita. Acho que mútua.
Acontece que passada a tempestade da primeira impressão, veio a tempestade da segunda; e
da terceira.
Foi quando percebi que a cada encontro, casual, claro, o incômodo que sua presença me
causava crescia vertiginosamente.
Porém, este incômodo logo começava a se diluir em minha mente e, agora, esquentava meu
peito, depois ardia, depois queimava e assim progressivamente, até o momento em que me
surpreendi plenamente apaixonada.
Comecei então a dormir Caio, acordar Clarice, almoçar Rosa, lanchar Rachel, jantar
Carlos e assim por diante.
Depois você já sabe, vieram os olhos brilhando, a alegria constante, a música
romântica, a poesia e, certamente, as crônicas.
Nada aconteceu. Como sempre.
Ela nem ao menos soube. Mas durante certo tempo e ainda hoje, este amor que transformou
meus dias e devolveu-me a crença de que um dia ele me seria possível, acompanha-me desde
que cheguei a Paris.
E-mail: senahes@yahoo.com
|