
Bruna Luizi Coletti (1989)
nasceu no interior do Paraná. Adepta à leitura desde muito cedo, começou a escrever
poesia aos 10 anos de idade.
Na adolescência, passou a dedicar seus escritos a contos de ficção, terror e fantasia,
fazendo muito sucesso no seu círculo de amigos e colegas da faculdade. Autor de muitos
contos, escritos, não tem, ainda, nenhum publicado. Atualmente vive no litoral
catarinense, onde se dedica exclusivamente a escrever e melhorar suas histórias
fantásticas. |
O último salto
Bruna Luizi
Coletti
Ela fechou os olhos e ergueu os braços para o céu cinza, esperando a chuva chegar. Ficou
daquele jeito por exatamente 3 minutos até sentir a primeira gota, e sorriu. Continuou
sorrindo enquanto as gotas finas engrossavam, ensopando os cachos leves de seu cabelo e
seu vestido azul. Tentou abrir os olhos, mas as gotas de chuva escorriam pelo seu rosto e
caiam salgadas nos olhos, fazendo arder. Abaixou os braços para limpar o sal das gotas.
Quando abriu os olhos, parecia que o céu tinha decido até ali junto com a chuva. Olhou
pra baixo e fitou as ondas agitadas. Ela também estava agitada. Era tudo cinza e pesado a
sua volta. O céu estava cinza e pesado, a chuva começava a ficar pesada, assim como seus
cabelos encharcados e seu vestido azul. Pensou ter ouvido alguém gritar seu nome na
tempestade, mas sabia que não. Ninguém poderia ter seguido ela até ali. Aspirou o ar
bem fundo até inundar seus pulmões de ar. O cheiro da água salgada e chuva era
delicioso. Soltou o ar e aspirou novamente. Ia sentir falta do cheiro salobre de mar.
Soltou e aspirou mais uma vez, na esperança de prender aquele cheiro lá dentro.
Ouviu seu nome no vento mais uma vez. Não era sua imaginação. Olhou para trás e viu um
borrão de luz em meio a torrente de água que caia do céu. Talvez alguém a tivesse
seguido. O vento rugia em seus ouvidos, e a confusão de sons era grande.
Aspirou uma última vez, o máximo que pode, e saltou. Foi contra o impulso de fechar os
olhos. Queria assistir os 20 metros da queda.
Segurou as barras do vestido que teimavam em subir com o vento.
A pele ficou dormente quando mergulhou nas águas geladas do oceano. Pelo frio e pela
força do impacto. Com o choque acabou aspirando muita água salgada que ardeu na
garganta. Já não via muita coisa lá em baixo. A água espumava ao seu redor, e os olhos
também ardiam. No último segundo sentiu medo. Quis nadar de volta à superfície, quis
viver.
Uma onda desavisada a arremessou contra o penhasco, e ela não viu mais nada.
Em questão de segundos a chuva lá em cima cessou, o ventou parou de rugir e as ondas se
acalmaram. A natureza do penhasco fez seu minuto de silencio.
Lá de cima se via apenas o vestido azul entre as ondas vermelhas de sangue.
Então o vento voltou a soprar e as ondas se agitaram novamente. E as nuvens cinzas de
chuva se distraíram por apenas um segundo, quando o sol aproveitou para lançar um raio
de luz para iluminar as lágrimas de quem fora deixado para trás.
E-Mail: brunalc03@hotmail.com
|
|