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texto
Manuel Bandeira do Brasil
Lindolf Bell
Todos fizeram seus versos para o poeta.
Também vou fazer os meus.
Quando um poeta morre
os outros fazem silêncio
ainda que ninguém tome conhecimento.
Onde estiver,
a estrela da tarde
estar?no horizonte da palavra,
atrás do teatro Carlos Gomes
de meus pensamentos vãos,
e me lembrarei de ti, Manuel
Bandeira da saudade.
Onde estiver,
estarei na sacada do mundo
esperando a tua bênção
no vento noturno,
na tua galeria intemporal
de poeta que fez versos
como quem ama.
Onde estiver,
sei que pairas
entre o coração que sabe
e o ruído dos automóveis
da rua quinze de novembro e a chuva
de minha cidade temporal,
que visitas sem que ninguém saiba
e abençoas sem resposta esperada.
Todos fizeram seus versos para o poeta.
E o tempo custou a chegar
para meus versos,
afundados que jaziam no rio Itaja?
antes da estrela da manh?br>
ainda que tardia,
onde os esqueci.
quando um poeta morre
os outros morrem também.
Mas nasce um canto
que fica
e fica um verso que nasce,
poeta Manuel, Leão leal.
Mas um canto de morte inteira,
Mas um verso da vida inteira.
E eu queria te dizer,
Manuel Bandeira do Brasil
e verde vale de azul anil,
que achei uma palavra fora do dicionário,
uma palavra estrelada de nome:
MANUELANCOLIA.
Lindolf Bell nasceu em Timb?(SC) no dia 02 de novembro de 1938. Em 1944, sua
mãe iniciou sua alfabetização em alemão. De 1945 a 1952 estudou em sua terra natal Em
1953, matriculou-se no Curso Técnico em Contabilidade de Blumenau, concluído em 1955.
Voltou a Timb? Em 1958, serviu ?Polícia do Exército. Em 1959, no Rio de Janeiro
(RJ), estudou Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ,
curso que não completou. No ano seguinte, retorna a Timb? Em 1962, iniciou seus estudos
no Curso de Dramaturgia na Escola de Arte Dramática de São Paulo, no qual se formou em
1964.
Publicou seu primeiro livro de poesia, Os Póstumos e as Profecias, em 1962. Participou de
diversos eventos: na Expressão de Novos Poetas, com poemas-murais, na biblioteca
paulistana Mário de Andrade; do Movimento da Catequese Poética; foi autor do roteiro
cinematográfico A Deriva para o filme experimental de Juan Seringo; declamou poemas no
Show Contra, no Teatro Ruth Escobar, São Paulo SP. Em 1968, viajou para os Estados
Unidos, onde integrou o grupo brasileiro no International Writing Program, na Universidade
de Iowa. No seu retorno, passou a viver em Blumenau, onde foi professor de História da
Arte na Fundação Universidade Regional. Participou na I Pr?Bienal de São Paulo, em
1970, com poemas-objetos.
O autor faleceu no dia 10 de dezembro de 1998, na cidade de Blumenau (SC).
OBRAS:
Os Póstumos e as Profecias. São
Paulo: Massao Ohno, 1962.
Os Ciclos. São Paulo: Massao Ohno, 1964
Convocação. São Paulo: Brasil, 1965.
Curta Primavera. São Paulo: Brusco, 1966.
Tarefa. São Paulo: Papyrus, 1966.
Antologia Poética de Lindolf Bell. São Paulo: União, 1967.
Antologia da Catequese Poética. T. Paulista. São Paulo, 1968.
As Annamárias. São Paulo: Massao Ohno, 1971.
Incorporação. São Paulo: Quiron, 1974.
As Vivências Elementares. São Paulo: Massao Ohno/Roswitha Kempf, 1980.
O Código das Águas. São Paulo: Global, 1984.
Setenário. Florianópolis: Sanfona, 1985.
Texto e Imagem. Oficinas de Arte. Florianópolis, 1987.
Pr?textos para um fio de esperança. BADESC. Florianópolis, 1994.
Iconographia. Editora Paralelo: 1993.
Requiem. Oficinas de Arte. Florianópolis, 1994.
Obras traduzidas:
Italiano:
In Poesia de Brasile dOggi (trav. Salvatore dAnna) editrice i.l.a. Palma,
1968.
Belga:
In Revista Nieeuw Vlamams Tijdschrift (trad. Freddy de Vree), Antuérpia,
1969.
Inglês:
In Revista Licor Store, Iowa USA, 1969 in Brazilian Poets XX Century (trad.
Elizabeth Bishop); e in Antologia da Poesia Contemporânea Brasileira (trad. Jos?
Neinstein), 1973.
Espanhol:
In Tiempo de Poesia Brasileña (trad. Adovaldo Fernandes Sampaio) Buenos Aires,
Ediciones de la Flor, 1974.
Angola:
Poemas editados na revista MÁKUA n?4.
Prêmios recebidos:
Prêmio Governador do Estado, em 1983, São Paulo.
Prêmio de Poesia, pelo livro Código das Águas, concedido pela Associação Paulista
de Críticos de Arte, em 1984, São Paulo.
(Dados obtidos no site do autor e no do
Ita?Cultural)
O poema acima foi extraído do livro Incorporação: doze anos de poesia,
1962/1973, Editora Quiron - São Paulo: Quíron, 1974.
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