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Pedras de toque da poesia
brasileira
José
Lino Grünewald
· Ali me anonimei de árvore (Manoel de Barros)
· Amar é transgredir-se (Guimarães Rosa)
· Bem diz que mulher tem asas na ponta do coração (Lupicínio Rodrigues)
· Casar é uma circunstância
Que se dá, que não se dá,
. Porém amar é a constância (Mário de Andrade)
· Comia o ínfimo com farinha (Manoel de Barros)
· Da luz difusa do abajur lilás ( Mário Rossi)
· De repente, não mais que de repente (Vinícius de Moraes)
· E como ficou chato ser moderno
Agora serei eterno (Carlos Drummond de Andrade)
· Entrego aos ventos a esperança errante (Cláudio Manoel da Costa)
· Itabira é apenas uma fotografia na parede
Mas como dói. (Carlos Drummond de Andrade)
· Lá vou eu conduzindo o enterro de mim mesmo (Cassiano Ricardo)
· Lindo como um poente de folhinha (Nelson Rodrigues)
· (A) mão que afaga é a mesma que apedreja (Augusto dos Anjos)
· Muitas velas. Muitos remos. Âncora é outro falar. (Cecília Meireles)
· Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. (Manuel Bandeira)
· Nas horas tardias que a noite desmaia (Fagundes Varela)
· Poesia é voar fora da asa (Manoel de Barros)
· Quem passou pela vida em branca nuvem (Francisco Otaviano)
· Quem sabe faz a hora, não espera acontecer (Geraldo Vandré)
· (Um) sol de rachar catedrais (Nelson Rodrigues)
· Só os perfumes teciam a renda da tristeza. (Vinícius de Moraes)
· Tão leve estou que já nem sombra tenho (Mário Quintana)
· Tu pisavas nos astros distraída (Orestes Barbosa)
· Viver
É ir entre o que vive (João Cabral de Melo Neto)
· Vejo o sol quando ele sai
Vejo a chuva quando cai
Tudo agora é só tristeza
Traz saudade de você (Antônio Carlos Jobim)
José Lino Grünewald (1931-2000) jornalista, crítico literário e de cinema,
colaborou durante muitos anos com os jornais, Correio da Manhã, O Globo, Jornal do
Brasil, Tribuna da Imprensa, Última Hora, O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e Folha
de S. Paulo. Em 1957 tornou-se membro do grupo Noigandres, ao lado de Augusto de Campos,
Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Ronaldo Azevedo. Em 1969, organizou e traduziu A
Idéia do Cinema, com ensaios de Walter Benjamin, Eisenstein, Godard, Merleau-Ponty, entre
outros. Como crítico de cinema, foi o divulgador da obra de Jean-Luc Godard no Brasil.
Nas décadas de 1980 e 1990 traduziu inúmeras obras, entre elas Os Cantos, de Ezra Pound,
e Grandes Poetas da Língua Inglesa do Século XIX, pelas quais recebeu prêmios Jabuti de
Tradução de Obra Literária em 1987 e 1989. Publicou, em 1987, o livro de poesia
Escreviver, de estética concretista. Segundo os críticos Iumna Maria Simon e Vinicius de
Avila Dantas, "o que José Lino Grünewald diz a respeito do cinema de Jean-Luc
Godard vale para sua poesia: 'O ato de filmar (poetar) é a experiência, e, por isso,
viver a vida é viver o cinema (a poesia)'. A busca de sentido existencial através da
substantivação das palavras, num movimento circular de repetição, é o que singulariza
boa parte de sua poesia.". Em 1990 foi agraciado com o Prêmio de Tradução, pelo
livro Poemas, de Mallarmé, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte
(APCA).
Esta é mais uma série de flashes de maior/melhor densidade poética contidos dentro de
um texto, selecionados e organizados por José Lino Grünewald, constantes
do livro "Pedras de toque da poesia brasileira", Ed. Nova Fronteira Rio
de Janeiro, 1996, páginas diversas.
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