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J. Carino
AS CORES DO RIO
Nosso Rio de Janeiro faz a alegria de cronistas, músicos e poetas, que o cantam de todas
as formas. Mas gosto de vê-lo também transformado em cores, que igualmente alegram as
paletas dos pintores.
Ah, as cores do Rio! Dizem que não há cores mais belas em nenhuma cidade do mundo.
Turistas estrangeiros, ou brasileiros que descobrem o Brasil, ficam boquiabertos diante
desta verdadeira paleta usada pelo Criador para pintar a Cidade Maravilhosa.
O cinza azulado do Corcovado é referência de beleza, contrastando com o céu de azul
inigualável, que vai cobrindo tudo até se limitar pelo verde ou pelos muitos
verdes diferentes da floresta que resiste e ainda se debruça sobre grande parte da
cidade.
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Nas praias, o verde-azul do mar, bordado de
ondas branquinhas, lambe a areia dourada, sobre a qual se deitam, lânguida e
sedutoramente, as mulheres lindas de cor bronzeada. E, nesse palco democrático sob o sol
e sobre a areia, barracas coloridas, biquinis, maiôs, sungas, carrocinhas de sorvete,
chapéus, bonés, petecas, redes de vôlei, os prédios da orla, os automóveis e ônibus
que passam, tudo forma um caleidoscópio que encanta olhos atentos para admirar a
profusão de cores. |

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Nas praças, o verde azinhavrado das estátuas se encontra lado a lado com o branco dos
bancos, e se aproxima do verde e do marrom acobreado da folharia das árvores. As
crianças, com roupas coloridas, os carrinhos de bebê azuis, amarelos e vermelhos e seus
brinquedos de variadas cores fazem contraste com os uniformes amarelos ou branquinhos das
babás.
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No centro da cidade, o cinza-esbranquiçado
das construções antigas dá o tom. As igrejas e os conventos ainda contribuem com suas
janelas e portas em marrom ou azul, emolduradas pela cor das pedras muitas vezes
centenárias. O verde-musgo dos sinos, lá no alto, parece a fé cristalizada numa cor
sóbria e eterna... E isso tudo se contrapõe, e ao mesmo tempo se harmoniza, com o brilho
esverdeado ou o reflexo de cristal dos vidros de prédios moderníssimos. |
As cores, a vibração e toda a energia
carioca também se mostram de forma sintética, concentrada, numa tarde de futebol no
Maracanã. O antigo "maior do mundo", com sua imensa cúpula acinzentada,
explode nas cores dos fogos de artifício que saúdas os times; no colorido dos uniformes
dos jogadores; nas bandeiras dos clubes. A fumaça de variadas cores lançada na entrada
das equipes dá um toque especial, seja de dia, seja à noite quando sobe em meio à luz
branco-amarelada dos refletores. |
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As cores do Rio, que nos encantam a retina, estão em toda parte: no burburinho da Saara,
nas corridas do Jóquei Clube, nas alamedas de sonho verdejantes do Jardim Botânico, na
multidão de cores de legumes e frutas que se vê nas feiras livres, nas lojas de
flores... Até nos barracos encarapitados nas favelas ou nos jardins de casas simples dos
subúrbios o colorido humaniza tudo.
As cores do Rio são as cores da vida, que podem ser românticas ou sensuais; de tons
quentes ou frios; marcantes ou suaves.
Que nosso Rio de Janeiro continue assim, coloridíssimo. Que mesmo o vermelho das
tragédias ceda lugar ao branco da paz, conservando nossa cidade, para sempre,
maravilhosamente colorida.
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imagem de abertura do texto]
J. Carino escreveu As Cores do Rio,
com exclusividade para o Releituras, inspirado na beleza da cidade e da pintura de João
Barcelos.
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Ilustração:
João Barcelos |

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João
Barcelos, premiado artista plástico, possui uma pintura classificada no
meio artístico de figurativa; pode-se dizer que seu estilo é impressionista
com toques expressionistas.
O desenho faz parte de sua vida desde suas mais remotas lembranças. (...) Entretanto, sua
formação profissional não começou pela Arte. Durante a vida, aprendeu a ser Físico,
após uma passagem de cerca de 10 anos pela carreira militar. (...) fez dois
pós-doutorados nos Estados Unidos, no Departamento de Física e Astronomia da
Universidade de Rochester. No início da carreira foi Professor da UERJ e, mais tarde,
chegou a Professor Titular do Instituto de Física da UFRJ. Deu aulas das mais variadas
disciplinas, tanto na graduação como na pós-graduação, e ocupou quase todos os cargos
administrativos (Chefe de Departamento, Diretor de pós-graduação, Vice-Diretor e
Diretor do Instituto). Também trabalhou intensamente em pesquisa por cerca de 30 anos (a
Física Quântica foi sua especialidade...
Até o final de 2002, durante cerca de doze anos, foi igualmente Físico e Pintor. Embora
sejam duas atividades aparentemente antagônicas, elas seguiram paralela e harmoniosamente
no seu dia-a-dia. Talvez apareçam nos seus quadros através da harmonia entre a luz e a
sombra ou no convívio pacífico entre cores quentes e frias. Enquanto Físico, usou a
Arte para sentir a harmonia e a beleza, muitas vezes escondidas, nas equações de sua
pesquisa, e enquanto Artista usou a Ciência para tentar entender os mistérios sobre
composição e harmonia de formas e cores. Atualmente é só Artista. "A Física é
para mim, no momento, um elo racional e indispensável com o mundo em que vivo".
No site do artista, acesse a biografia completa e uma generosa exposição de sua obra: http://www.joaobarcelos.com.br
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